O mercado imobiliário sofreu mudanças significativas com a pandemia do coronavírus, desde a transformação das necessidades das famílias até as transformações tecnológicas que ajudaram o setor a obter maior agilidade e controle para cumprir prazos, reduzir custos e melhorar resultados. Agora, sobre 2021, Cassia Castro, sócia da Eixo Inteligência Imobiliária, acredita que será um ano positivo, mas desafiador, e dita dez movimentos importantes. Confira!
“O desemprego elevado e as projeções menores para o crescimento da economia têm preocupado algumas entidades do mercado imobiliário. O setor que mais emprega pessoas está sendo acompanhado de perto para provar que o biênio 2021 e 2022 será de considerável crescimento para a construção civil”, afirma Cassia.
Ela ressalta ainda que os incorporadores já se anteciparam à tendência positiva e têm se mostrado otimistas, aumentando suas metas de lançamentos e investindo em tecnologias para ajudá-los a conter a alta de preços de insumos da construção civil, tais como:
- Obras melhores controladas por meio de modelagens como o Building Information Modeling (BIM);
- Utilização de drones e robotização para diminuir erros e automatizar processos;
- Projetos sustentáveis que utilizem energias limpas e renováveis.
Dez expectativas do ramo, segundo Cassia Castro, sócia da Eixo Inteligência Imobiliária:
1. Com o mercado em alta, mais agressivo e líquido, a permuta deixou de ser a queridinha das incorporadoras, que preferem pagar em dinheiro pelos terrenos, pois acreditam na valorização futura dos imóveis.
2. As garantias também estão com os preços elevados – todos os envolvidos em seguros e garantias imobiliárias aumentaram taxas para recompor perdas/indenizações passadas. A alta das garantias pode afetar a rentabilidade de um projeto imobiliário em até cinco pontos percentuais.
3. Investidores menores têm procurado incorporadoras de pequeno e médio porte, operando diretamente em projetos.
4. A alta do Índice Nacional de Custo de Construção (INCC) e Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) tem levantado a
discussão a respeito da inadequação dos índices de correção nas negociações. Para evitar uma crise generalizada, os contratos passam a contar com uma cláusula que substitui o índice de reajuste de maneira a favorecer o equilíbrio do negócio, ou seja, a adoção de uma taxa pré-fixada.
5. O metro quadrado subiu quase 40% em algumas regiões. Um imóvel localizado nos bairros mais nobres de São Paulo que antes era negociado a R$ 13 mil, hoje custa R$ 18 mil por m².
6. Pinheiros, Perdizes, Jardins, Moema e Vila Mariana continuam sendo os queridinhos das incorporadoras. Muitos lançamentos acontecerão nos próximos meses.
7. Estúdios de 30 m² começam a entrar em crise. Com a consolidação do home office e o desinteresse por morar próximo ao trabalho, as novas famílias estão investindo em imóveis maiores – aumenta a procura por apartamentos de 60 m² a 120 m².
8. As incorporadoras estão perdendo o interesse por terrenos de 800 m² em relação às áreas que possam abrigar produtos mais imponentes, de dois a quatro mil m².
9. A cada dez projetos negociados, cinco são de alto e altíssimo padrão. Incorporadoras valorizam a unidade familiar e investem em altas metragens e inovação arquitetônica.
10. Os condomínios de casas também estão aquecidos, inclusive residências dedicadas à população na terceira idade que busca por segurança, apoio e mais qualidade de vida.
“Todo esse cenário foi catalisado por uma excessiva oferta de crédito imobiliário jamais vista na história brasileira, com taxas de juros baixíssimas. A cadeia produtiva de maneira geral se beneficiou, pois incorporadores compraram mais terrenos, lançaram mais empreendimentos, construtores aceleraram suas obras e as imobiliárias alcançaram patamares de vendas de imóveis de épocas áureas”, conclui Cassia.
Fonte: Estadão